1. O QUE É BULLYING?
• O bullying é um termo de origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizado para qualificar comportamentos agressivos no âmbito escolar, praticados tanto por meninos quanto por meninas.
• Os atos de violência (física ou não) ocorrem de forma intencional e repetitiva contra um ou mais alunos que se encontram impossibilitados de fazer frente às agressões sofridas.
• Tais comportamentos não apresentam motivações específicas ou justificáveis, ou seja, de forma “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas.
2. QUAIS SÃO AS FORMAS DE BULLYING?
• Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos, “zoar”)
• Física e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima)
• Psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar)
• Sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar)
• Virtual ou Cyberbullying (bullying através de ferramentas tecnológicas: celulares, filmadoras, internetetc.)
3. QUAL O CRITÉRIO ADOTADO PELOS AGRESSORES PARA A ESCOLHA DA VÍTIMA?
• Os bullies (agressores) escolhem os alunos que estão em franca desigualdade de poder.
• As vítimas apresentam algo que destoa do grupo (são tímidas, introspectivas, nerds, muito magras; são de credo, raça ou orientação sexual diferente etc.). São mais vulneráveis aos ofensores.
• Não há justificativas plausíveis para a escolha, mas certamente os alvos são aqueles que não conseguem fazer frente às agressões sofridas.
4. QUAIS AS PRINCIPAIS RAZÕES QUE LEVAM OS JOVENS A SEREM OS AGRESSORES?
• Muitos se comportam assim por uma nítida falta de limites educacionais no contexto familiar.
• Outros carecem de um modelo de educação que seja capaz de associar a autorrealização com atitudes socialmente produtivas e solidárias. Tais agressores procuram nas ações egoístas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e reproduzem os modelos domésticos na sociedade.
• Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentâneas, como a separação traumática dos pais, ausência de recursos financeiros, doenças na família etc. A violência praticada por esses jovens é um fato novo em seu modo de agir e, portanto, circunstancial.
• E, por fim, nos deparamos com a minoria dos opressores, porém a mais perversa. Trata-se de crianças ou adolescentes que apresentam a transgressão como base estrutural de suas personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercício do altruísmo: a empatia.
5. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE UMA VÍTIMA DE BULLYING PODE ENFRENTAR NA ESCOLA E AO LONGO DA VIDA?
• As consequências são as mais variadas possíveis e dependem muito de cada indivíduo, da sua estrutura, de vivências, de predisposição genética, da forma e da intensidade das agressões.
• No entanto, todas as vítimas, sem exceção, levarão marcas profundas provenientes das agressões para a vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a superação do problema.
• Os problemas mais comuns são:
• desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, entre outros.
• O bullying também pode agravar problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse a que a vítima é submetida. Em casos mais graves, podem-se observar quadros de esquizofrenia, homicídio e suicídio.
6. O ALUNO VÍTIMA DE BULLYING NORMALMENTE CONTA AOS PAIS E PROFESSORES O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
• As vítimas de bullying se tornam reféns do jogo do poder instituído pelos agressores.
• Raramente elas pedem ajuda às autoridades escolares ou aos pais por temerem possíveis retaliações dos agressores e por acreditarem que, ao sofrerem sozinhos e calados, pouparão seus pais da decepção de ter um filho frágil, covarde e não popular na escola.
7. COMO PERCEBER QUANDO UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE ESTÁ SOFRENDO BULLYING? QUAL O COMPORTAMENTO TÍPICO DESSES JOVENS?
Na Escola:
• No recreio encontram-se isoladas do grupo, ou perto de alguns adultos que possam protegê-las;
• na sala de aula apresentam postura retraída, faltas frequentes às aulas, mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas; nos jogos ou atividades em grupo sempre são as últimas a serem escolhidas ou são excluídas; aos poucos vão se desinteressando das atividades e tarefas escolares; e em casos mais dramáticos apresentam hematomas, arranhões, cortes, roupas danificadas ou rasgadas.
Em Casa:
• Mudanças de estado de humor, com explosões repentinas de irritação ou raiva.
• Geralmente elas não têm amigos ou, quando têm são bem poucos; existe uma escassez de telefonemas, e-mails, torpedos, convites para festas, passeios ou viagens com o grupo escolar.
• Passam a presentear os outros.
• Apresentam diversas desculpas (inclusive doenças físicas) para faltar às aulas: dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite, insônia – antes do horária da escola
8. O QUE SE PODE NOTAR NO COMPORTAMENTO DE UM PRATICANTE DE BULLYING?
Na escola os bullies (agressores) fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos.
• Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes.
• Costumam ser populares na escola e estão sempre enturmados.
• Divertem-se à custa do sofrimento alheio.
Em casa, mantêm atitudes desafiadoras e agressivas em relação aos familiares.
• São arrogantes no agir, no falar e no vestir, demonstrando superioridade.
• Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se envolveram.
• Costumam voltar da escola com objetos ou dinheiro que não possuíam.
• Mentem, de forma convincente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos.
9. O FENÔMENO BULLYING COMEÇA EM CASA?
• Muitas vezes o fenômeno começa em casa.
• É necessário a revisão do que ocorre dentro de casa.
• Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores.
• O exemplo dentro de casa é fundamental.
• O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no berço e se estende para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do seu tempo.
10. QUAL É O PAPEL DA ESCOLA PARA EVITAR O BULLYING ESCOLAR?
• A escola é corresponsável, pois é lá onde os comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes.
• A direção da escola (como autoridade máxima da instituição) deve acionar os pais, os Conselhos Tutelares, os órgãos de proteção à criança e ao adolescente etc.
• Em situações que envolvam atos infracionais (ou ilícitos) a escola também tem o dever de fazer a ocorrência policial.
• Tais procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da violência e da criminalidade infantojuvenil.
11. QUAL A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE ATUAL NESTE TIPO DE COMPORTAMENTO?
• O individualismo, cultura dos tempos modernos, propiciou essa prática, em que o ter é muito mais valorizado que o ser, com distorções absurdas de valores éticos.
• Os pais passaram a ser permissivos em excesso e os filhos cada vez mais exigentes, egocêntricos. As crianças tendem a se comportar em sociedade de acordo com os modelos domésticos.
• Muitos deles não se preocupam com as regras sociais, não refletem sobre a necessidade delas no convívio coletivo e, nem sequer se preocupam com as consequências dos seus atos transgressores.
• Cabe à sociedade como um todo transmitir às novas gerações valores educacionais mais éticos e responsáveis. Afinal, são estes jovens que estão delineando o que a sociedade será daqui em diante. Auxiliá-los e conduzi-los na construção de uma sociedade mais justa e menos violenta, é obrigação de todos.
Fonte: Cartilha Bullying 2010: Projeto Justiça nas escolas – Conselho Nacional de Justiça
Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva